Ela era diferente, quieta, não se aproximava de ninguém, tímida muito tímida, quando alguns garotos engraçadinhos gritavam o nome dela, ela os ignorava e suas bochechas ficavam coradas, ela não tinha sequer um traço de maquiagem em sua pele, sua face era lisa, com uma aparência suave, neutra, particularmente simples, sua pele lembrava um pêssego de tão macia, ela era a aluna mais disciplinada da sala, mantia pouco contato com seus colegas, ou melhor nunca conversou com eles, ela era nova na cidade, lugar novo, novas amizades, por ser envergonhada dificilmente se relacionaria tão fácil com essas pessoas estranhas até então para ela.
Todos que estavam ao redor dela no seu dia-a-dia a achavam estranha, não era normal ficar tanto tempo sem conseguir se enturmar, mas entre todos esses seres, havia um garoto da alta sociedade, pai empresário, era o mais charmoso da turma, mas nunca se envolveu com uma guria seriamente, ele gostava de curtir, festeiro, o pai pagava tudo para ele, filhinho de papai se é que você me entende. Ele a achava tão meiga, tão interessante, não tocou neste assunto com seus amigos, capaz de eles rirem da cara dele, mas em seu pensamento ela era o foco principal.
Tempo se passou, ela já tinha uma amiga, as duas passavam despercebidas, não gostavam de chamar atenção, ele a viu um dia em uma praça, não se conteve, foi até ela e puxou uma pergunta, a primeira que veio em sua mente: _ Oi, se não estou errado, você é minha colega de escola né?
Ela o olhou sem jeito e lhe falou : _ Sim sou eu.
E logo, ele se sentiu a vontade e começaram a conversar, nem parecia mais aquela menininha tímida, ela estava descontraída, falava, ria, e seus olhos estavam sempre olhando para os deles, e ele não parava de prestar atenção em seus olhos verdes, incomparáveis, magnífico aquele olhar profundo dela, ele paralisou e ela parou de falar. Logo ele percebeu como ela o fazia sentir algo estranho, ele mal falou com ela e estava tão bem, completo. Ela deu um sorriso ao ver que ele a olhava quase sem piscar, e lhe falou :_ Nossa, preciso ir para casa, nos falamos outra hora, tchau.
E ela saiu correndo em direção a uma floresta, ele prestou atenção nela até ela desaparecer entre as árvores, e quando ele olhou para baixo percebeu que ela deixou cair seu colar, um colar que trazia a foto de uma santa, ela estava muito longe já e anoitecera rápido, ele decidiu devolver a ela no dia seguinte, seria um motivo de ir até lá e poder conversar com ela novamente, ele sabia que ela mexeu com sua cabeça. Durante essa noite, ele só lembrava da voz dela, do seu jeito único, dos seus lindos olhos que lhe chamaram muita atenção, e assim ele pegou no sono, imaginando aqueles olhos verdes.
Na manhã seguinte, chegou na escola e seus olhos tentavam encontrar a garota, mas ela não estava em nenhum canto, chegou na sala e ela não tinha vindo para aula, ele se questionou, uma garota tão disciplinada não vir para aula, deve ter acontecido algo. Mas não podia fazer nada, nem tinha idéia aonde ela morava e de quase absolutamente nada, decidiu dar o colar no outro dia.
Meses se passaram, e ela simplesmente sumiu, não havia rastros dela, sua única amiga que conversava, nem ela sabia de seu sumiço, ele tentou procurá-la e nada, ela sumiu do mapa, ele precisava encontrá-la, ele tinha vontade de vê-la, queria estar com ela denovo, sim ele estava apaixonado, uma conversa, várias observações chamavam a atenção dele e gerou esse amor que ele tentava não acreditar, pois em apenas uma conversa rápida, não poderia ter originado um sentimento tão forte como aquele, mas ele estava mesmo tentando mentir para si próprio, ele estava loucamente apaixonado por ela.
Mais dias, semanas, meses passaram e nenhuma notícia dela, até que em uma noite ele decidiu dormir cedo, estava exausto, a aula o deixara cansado e seus pensamentos estavam voltados àquela garota dos olhos verdes, dormiu antes de anoitecer e teve um sonho, onde ela aparecia e lhe dizia para ele encontrá-la na praça onde se falaram que ela lhe explicaria tudo sobre o sumiço dela, ele acordou assustado, seu coração pulsava, parecia tão real aquele sonho, ele não sabia o que fazer, seu sonho pareceu uma mensagem, ele levantou rapidamente da cama, colocou um casaco e se dirigiu para a praça ignorando se esse sonho fosse apenas um sonho.
Já era tarde, nenhuma pessoa circulava pela praça, mas lá no fundo havia uma garota sentada no mesmo banco em que eles conversaram aquela vez, ele foi em direção à ela e quando ele olhou profundamente para seus olhos, viu que era ela, inconfundível o olhar dela, olhos verdes, grandes, profundos, ele apenas a abraçou e lhe disse : _ Onde você estava garota, estava preocupado.
Ela não disse nada, apenas lhe deu um beijo na sua boca, seus lábios estavam gelados, mas foi um beijo tão prazeroso, ele apenas fechou os olhos e continuou aquele beijo tão intenso. Ao parar ele falou que estava com seu colar e queria explicações de seu sumiço. Ela o olhou e lhe falou com uma voz muito rouca:
_ Fui para um lugar que um dia você conhecerá também, quero que você fique com esse colar como uma lembrança minha, eu só preciso que você saiba que eu desde o momento que vi, fiquei atraída por você e agora lhe digo isso, eu te amo!
E uma lágrima caiu do olho dele, ele estava feliz por ouvir isso dela, também sentia que era amor por ela mas nunca admitiu para si próprio até o momento, fechou os olhos e quando abriu ela não estava mais ali, ele chamou por ela e nada, olhou para o colar e apertou com suas mãos bem forte, ele percebeu que havia algo de errado, seu beijo estava muito gelado, e lembrou-se deste trecho dito por ela, ‘’ Fui para um lugar que um dia você conhecerá também’’ , nesta hora ele raciocinou que ela havia partido, e olhou para o céu, escolheu a estrela mais brilhante e para a mesma ele falou apertando o colar: _ Tão rápido assim você se tornou meu amor maior e quando eu ir para o lugar onde você se encontra agora espero que você esteja esperando por mim, meu amor!
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