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Ventou um pouco hoje... Olhei para fora e senti psicologicamente um frio que me deixou trêmula, senti vontade de bocejar e voltar para a cama, mas precisei levantar, eram seis horas, espreguicei-me levantando os braços até o meu limite, você vivia reclamando porque eu sempre te acordava com meu gritinho de 'saia preguiça de mim' e me puxava com suas mãos suaves, olhando-me e dizia que hoje iria fazer o café. Bem, eu acostumei a levantar, de pés descalços sob aquele chão gélido e aquele casacão que me cobria por inteiro, liguei a luz, meus olhos ainda desacostumados com a iluminação, se fecharam, esfreguei-os, peguei o fósforo, acendi o fogão, peguei a chaleira e coloquei água, acho que até demais, você sabe que sou péssima em saber quantidades na medida certa. Então enquanto a água esquentava, cortei um pão e passei manteiga sobre ele, simples café de manhã, você era expert em fazer mirabolantes doçuras durante o início da manhã, mas o pão me sustentou até o almoço, eu juro. Comprei manteiga de cacau, acho que pela primeira vez obedeci suas idéias que eu teimava em não por em prática, meus lábios estão mais hidratados, e o perfume que você me comprou, quebrou, fiquei magoada comigo mesma, mas eu gosto tanto daquele aroma que vou comprar outro, ah e organizei os talheres do jeito que você me cobrava, facas, garfos, colheres, tudo em sua respectiva caixinha, também, nem almoço mais em casa, depois de tudo, perdi meu cozinheiro, optei comer por aí, de vez em quando arrisco um miojo, mas nem esse eu sei fazer direito - precisei rir neste momento.
Hoje depois do trabalho, as minhas duas amigas que você vivia dizendo que elas te irritavam com aquelas gargalhadas fora do comum, passaram aqui em casa e compramos comida chinesa, Sushi me lembrou o dia que comemos e eu passei mal no dia seguinte, ficamos mais de 24 horas na cama, eu me queixando de dor e você levantando toda hora preparando seus chás milagrosos, nesse dia eu vi que até nas piores dores você estaria ali.
E assinei TV a cabo, num preço bom, passo o tempo todo assistindo programas pra suprir a falta. Aquela dor que você não pode compartilhar comigo e que nem seus chás milagrosos poderiam existir sem você estar aqui para fazer.
Mas ando bem, surpreendo-me porque espontaneamente ando dormindo no centro da cama, esquecendo assim, que éramos dois, agarro o travesseiro, cochicho boa noite para ele e peço-lhe para me trazer bons sonhos, que me faça acordar mais um dia as seis horas e assim, eu poder tentar fazer menos as coisas que eu só faço porque você fazia, você dizia, você criava.
Mas, se no meio desse teu mar, as ondas de medo vêm altas, pior do que ameaçarem te afogar será se elas te impedirem de ver adiante o quanto ainda é amplo e maravilhoso o horizonte...!
ResponderExcluirGugu Keller
Esse é um dos meus textos favoritos que tu escreveu até agora. Que coisa mais linda!
ResponderExcluirOi ^^ Primeira vez que venho aqui. Gostei do "quem sou eu". Também vejo ondas em minha vida, mas acho que as vejo de outra forma. Interessante o texto, legal a forma como as imagens vão sendo construídas. Tchau o/
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