Aquele tempo que ela trancava a porta toda vez que ela ameaçava abrir, corria para longe e jamais disse a ninguém quais eram os motivos de tanta fraqueza perante aquela porta de madeira de cor vermelha e um desenho de um pássaro preso na gaiola no canto esquerdo. Já tentaram perguntar a ela, questionaram várias vezes mas sempre sua resposta era a mesma: _ Eu não encontro retalhos bons para hoje.
Cá entre nós, sua resposta trazia uma simples idéia para tanta distância da porta, havia alguma mágoa e de certa forma, viver sem relembrar era algo que ela conseguia toda vez que ela se esquecia do retângulo vermelho trancado. Anos e mais anos e ela sempre respondendo a mesma frase para as pessoas novas em sua vida, jamais quis se abrir, todos sabiam da existência da porta, mas jamais souberam o que havia atrás dela, e depois de tanto tempo nem ela mais sabia o que restou dentro de lá.
Perguntou ele, fixando os olhos nela: _ Ei, porque não me deixas ver o que tu tens dentro daquele quartinho escuro?
_ Você não encontrará retalhos bons para hoje.
_Mudaste a resposta de sua frase falando comigo, talvez mudasse sua vida se me permitir ver tudo que tens lá.
_ Eu não poderia, eu não quero, eu...
_Shh!
Ele a envolve como um lençol e num piscar dos olhos os lábios dele tocaram os dela, ela se encolheu e ele num sussuro exclama:
_Posso entrar?
Ela ainda com os olhos fechados responde:
_Destranquei a porta, entre.
E quando ele pode entrar, aquele pássaro voou e naquele instante tudo se abriu, ela estava pronta para amar novamente e agora aquele quartinho não existiria apenas uma pessoa, ele acabou sendo o segundo e o último de sua vida.
Ela só estava esperando a pessoa certa, por isso jamais mostrou os retalhos passados porque muitos só entrariam para visitar e não para ficar.
Mas eu sou mesmo um clichê. Um daqueles bem água com açúcar, sabe? Um melodrama de quinta. Uma comédia romântica, que você não se cansa de ver num domingo a tarde. - Querido John
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Portas trancadas e retalhos guardados
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